Grandes engenheiras que mudaram o mundo

A sociedade de hoje ainda tem muitos preconceitos que continuam a fazer a cabeça das pessoas, seja discriminação de uma raça, aceitação de uma orientação sexual ou a carreira de uma pessoa com base no gênero. É nesse último tópico que esse artigo vai discutir, mas com foco na engenharia. Você já deve ter pensado como elas são minoria nessa área, afinal essa é uma ideia que infelizmente ainda continua fixada na sociedade, mas existiram engenheiras em épocas em que a discriminação era ainda mais forte do que hoje, e elas mostraram que são muito mais do que capazes e perseveraram trazendo projetos importantes e avanços que se tornaram padrão atualmente, mostrando que discriminação de gênero não só na engenharia mas como em qualquer outra área profissional é uma ideia extremamente ultrapassada.

Yvonne Brill

Yvonne Brill foi uma engenheira que trabalhou com foguetes e propulsão a jato. Ela nasceu no Canadá, em 1924. Desde criança já se interessava por ciência, mas já ouvia no ensino médio de um de seus professores que mulheres nunca teriam um lugar nessa área, ou do próprio pai que preferia que a filha abrisse a própria loja, mesmo assim Yvonne foi a primeira da sua família a ir para faculdade. O interesse dela era cursar engenharia, mas como a instituição negou sua entrada por ser mulher ela teve que contornar esse problema estudando matemática e química na Universidade de Manitoba, se graduando no topo da sua classe em 1945. No mesmo ano ela se mudou para os Estados Unidos da América (EUA) onde passou a trabalhar na Douglas Aircraft Company, mesmo sem apresentar qualquer diploma em engenharia, para contribuir no desenvolvimento dos primeiros satélites americanos. Nos EUA, fez um mestrado em química na Universidade do Sul da Califórnia. Acredita-se que na década de 1940, Yvonne era a única mulher nos EUA a pesquisar sobre foguetes. Na década de 1960 trabalhou na Astro Eletronics onde projetou seu sistema de propulsão de satélites, o qual ela patenteou em 1972. De 1981 a 1983 ela trabalhou na NASA, e no seu último ano na NASA foi lançado o primeiro satélite usando a tecnologia desenvolvida por Yvonne, o resultado do lançamento foi tão bom que sua tecnologia de propulsão virou padrão para satélites e foguetes. Naturalmente Yvonne recebeu diversos prêmios pelo seu trabalho, mas o mais reconhecido foi a Medalha Nacional de Tecnologia, em 2010, a maior honra que um engenheiro pode ter nos EUA, das mãos do presidente Barack Obama. Yvonne Brill falaceu em 2013 aos 88 anos.

Figura 1: Yvonne Brill recebe Medalha Nacional de Tecnologia em 2010 de Barack Obama

Enedina Marques

Enedina Alves Marques foi uma engenheira civil, nascida em 1913 em Curitiba, no Paraná. Enedina era filha de uma lavadeira que na década de 1920 trabalhou para o delegado e major Domingos Nascimento Sobrinho, esse major tinha uma filha da mesma idade de Enedina e por isso Domingos pagou a educação dela em colégios particulares para que fizesse companhia a sua filha. Na década de 1930, após se formar no curso normal trabalhou como professora no interior do Paraná. Voltou para Curitiba em meados de 1935 e chegou a morar na casa de uma família de um construtor pagando pela sua estadia com serviços domésticos. Em 1938 chegou a fazer um curso complementar em pré-engenharia antes de ingressa na Faculdade de Engenharia da Universidade do Paraná.  Em 1945 se formou, superando preconceitos de professores e colegas, tornando-se a primeira mulher engenheira do Paraná e a primeira mulher negra engenheira do Brasil. Em 1946, ela se tornou auxiliar de engenheira na Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas, depois foi chefe de hidráulica, então chefe divisão de estatísticas e do serviço de engenharia do Paraná, na Secretaria de Educação e Cultura do Estado. No ano seguinte foi transferida para o Departamento Estadual de Águas e Energia Elétrica onde teve o auge da sua carreira trabalhando no Plano Hidrelétrico do estado e no aproveitamento das águas dos rios, Capivari, Cachoeira e Iguaçu. A usina Capivari-Cachoeira (atual Usina Governador Pedro Viriato Parigot de Souza) é reconhecida como seu maior feito na engenharia, já que é a maior hidrelétrica subterrânea do sul do país. Apesar de ser vaidosa, Enedina usava macacão nas obras e andava com uma arma na cintura que usava para atirar para o alto e se fazer respeitada pelos homens nos sítios de construção. Em 1962 se aposentou no governo do estado e recebeu reconhecimento do governador pelos seus feitos. Faleceu em 1981 aos 68 anos, mas seu legado ainda continua sendo homenageada em diversos lugares, como na inauguração Instituto de Mulheres Negras em 2006 que leva seu nome.

Figura 2: Enedina Marques com a Usina Capivari-Cachoeira de fundo.

Fonte: Hypeness

Edith Clarke

Edith Clarke foi uma engenheira elétrica que nasceu em 1883 nos EUA. Edith ficou órfã com apenas 12 anos, sendo criada por uma irmã mais velha. Ela usou o dinheiro da herança para estudar matemática e astronomia na Faculdade Vassar se graduando em 1908. Ela passou um tempo como professora ensinando matemática e física em um colégio particular em São Fransciso até estudar um durante um tempo engenharia civil na Universidade de Wisconsin-Madison, mas largou a curso para trabalhar na empresa de comunicações AT&T em 1912. Durante seu período na empresa, Edith continuou a estudar engenharia civil na Universidade de Columbia durante a noite. Em 1918, ela se inscreveu no Instituto Massachusetts de Tecnologia (MIT) e no ano seguinte se tornou a primeira mulher a ter um mestrado em engenhara elétrica pelo MIT. Mesmo com tal feito, Edith não conseguia encontrar emprego como engenheira, justamente por ser mulher, e trabalhou na General Electric (GE) como supervisora de computadores no departamento de engenharias de turbinas. Durante esse período ela inventou a “calculadora Clarke”, um dispositivo gráfico simples que ajudava a resolver equações envolvendo tensão e corrente elétricas, entre outras variáveis de maneira mais rápida que métodos prévios. Em 1921, como ainda não conseguiu seu cargo de engenheira na GE, saiu da empresa para ser professora universitária na Turquia até que no ano seguinte foi recontratada como engenheira elétrica pela GE se tornando a primeira mulher a obter tal cargo nos EUA. Em 1943, escreveu um livro influente baseado nas anotações que tinha das palestras que fazia para os engenheiros na GE. Em 1945, se aposentou da GE e em 1947 se juntou ao corpo acadêmico do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade do Texas a tornando a primeira professora de engenharia elétrica do país, ela ensinou lá por 10 anos até se aposentar. Em uma entrevista para um jornal diário do Texas em 1948, Edith comentou “Não há demanda por engenheiras, como há para médicas; mas há sempre a demanda por alguém que possa fazer um bom trabalho”, no mesmo ano foi a primeira mulher a participar do Instituto Americano de Engenheiros Elétricos. Em 1954 recebeu um prêmio de conquista da Sociedade de Mulheres Engenheiras. Edith faleceu em 1959 aos 76 anos.

Figura 3: Edith Clarke

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Fonte: Engenharia É

Essas mulheres são apenas algumas das várias engenheiras extraordinárias que marcaram história e abriram o caminho para tantas outras que quisessem seguir carreira na engenharia. Embora ainda seja uma área majoritariamente masculina, esse é um quadro que não tende a se manter já que a participação feminina cresce cada vez mais e mais. A própria Engrenar Jr. se orgulha de ter entre seus fundadores uma mulher e nos últimos anos da empresa a participação delas em cargos de liderança. Gostou do assunto? Se sim veja nossas publicações no Facebook feitas com depoimentos de mulheres que passaram pela Engrenar e em como sua estádia aqui afetou sua vida pessoal e profissional. 

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