Você já parou para pensar sobre o que compõe as coisas que mais utilizamos no dia a dia? Tomemos como exemplo o smartphone com a tela feita de vidro. Se por hipótese nunca tivéssemos descoberto o vidro a história poderia ser alterado de tal forma que atualmente os celulares seriam fabricados com outro material ou, até mesmo, não seria possível atingir a mesma tecnologia.
A mesma hipótese pode ser aplicada para diversos materiais conhecidos e no envolvimento com as atuais tecnologias. Se realmente começarmos a analisar tais pontos iremos ter a real noção da importância dos materiais e de como impactam diretamente no mundo em que vivemos.
Cobre
O cobre caracterizou o início da Idade dos Metais no ano 5000 a.C. e a última fase da pré-história que termina com a invenção da escrita, em 4000 a.C. O cobre foi um dos primeiros materiais metálicos a serem usados pelo homem, atribui-se a isso o fato dele poder ser encontrado em formato de pepita naturalmente e pelo cobre ser mais maleável e dúctil e com ponto de fusão menor que outros metais. Os artefatos de cobres mais datados são de 6500 a.C. e foram moldados por meio de martelagem a frio, mas foi na Idade dos Metais que começou, mesmo que de forma rudimentar, a utilização de fornos para fundição do cobre. Esses fornos precisavam alcançar 1000 °C o que se fazia injetando ar por meio do sopro ou por meio de foles com longos bocais.
Figura 1: Fundição do cobre em murais funerários egípcios.
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O cobre era utilizado para confecção de utensílios culinários, objetos artísticos, armas, ferramentas para a agricultura, entre outros objetos. Antes do cobre esses artefatos eram feitos geralmente de pedra, período conhecido como Neolítico ou Idade da Pedra Polida, entre 8000 a.C. a 5000 a.C. Daí vem o avanço que o cobre trouxe, pois as ferramentas produzidas a partir dele eram mais resistentes e portanto tinham uma vida útil maior, assim como eram de maior qualidade e mais eficientes já que o cobre podia ser moldado em formas que a pedra não podia. O cobre deu início à busca por melhores materiais metálicos, tanto que a Idade dos Metais foi separada em três subperíodos: a Idade do cobre, em seguida a Idade do Bronze (formado por cobre e estanho) e pôr fim a idade do Ferro, que necessitava de técnicas de fundição mais avançadas. Enfim, podemos dizer que a metalurgia começou com o cobre. Atualmente, o cobre é intensamente utilizado em redes elétricas por ser um bom condutor de eletricidade.
Papel
Como dito anteriormente, a Idade do Metal acaba com a escrita, inventada pelos sumérios em 4000 a.C. Mas as primeiras escritas foram feitas em tabuletas de pedra ou argila, mais tarde surgiu o papiro formado por ervas aquáticas e os pergaminhos feitos de couro. O papel só surgiu no ano 105 d.C. por T’sai Lun (também chamado Cai Lun) na China. Ele fez uma mistura umedecida de produtos com fibras vegetais (como casca de amoreira e restos de roupas), depois bateu a massa até formar uma pasta que era peneirada até se obter uma fina camada que era deixada para secar ao sol até que a folha estivesse pronta.
Figura 2: T’sai Lun, o inventor do papel.
A técnica de produção do papel não se espalhou tão rápido pois a China a guardou pois seu comércio era bastante lucrativo, mas o papel foi produto que facilitou bastante a disseminação de informação e conhecimento, ainda mais quando Gutenberg inventou sua prensa em meados de 1455 em que livros não precisavam ser feitos apenas por escritas, tornando a produção mais rápida e mais barata. Atualmente, o papel ainda é usado como um meio de disseminar conhecimento, seja por livros ou cadernos, mais existem outras funções que ele cumpre hoje, como na higiene e limpeza.
Vidro
A origem do vidro é incerta, existem evidências que constatam seu uso desde 7000 a.C. por sírios, fenícios e babilônios, porém os artefatos mais antigos feitos com esse material datando de 4500 anos atrás são de origem egípcia. O vidro é obtido aquecendo-se uma mistura de sílica (areia), sal e soda cáustica em altas temperaturas, de até 1700 °C, fazendo os elementos derreterem e então se cristalizarem. No começo eram feitos somente blocos maciços de vidro até que os egípcios começaram por volta de 2000 a.C. fazer pequenas vasilhas em moldes de barro. Foram os babilônios que avançaram a tecnologia de produção do vidro inventando o ferro de assoprar, o que permitiu dar ao vidro diversas formas. O vidro teve e ainda continua a ter um aspecto artístico e decorativo muito forte, mas com os avanços tecnológicos e as propriedades do vidro (principalmente relacionado a sua dureza e transparência) ele é usado atualmente em telas de diversos dispositivos eletrônicos, em lentes de óculos, telescópios, microscópios e em frascos especiais feitos para armazenar substâncias químicas.
Figura 3: Processo de fabricação do vidro em 1800.
Borracha
A borracha começou a ser usada na sua forma natural pelos índios nas América, sendo obtida por meio do látex que é extraído de espécies vegetais tropicais, porém a mais conhecida é a Seringueira, muito antes que antes que Cristóvão Colombo pusesse seus pés aqui. O primeiro emprego da borracha por parte dos colonizadores foi dado como apagador, sendo que as primeiras aplicações úteis foram dadas pelos portugueses no transporte de vinho, chamando a atenção de vários artesãos para esse material. Porém a borracha natural possui propriedades que dificultam sua vasta utilização, em baixa temperaturas ela se torna dura e quebradiça e em altas temperaturas mole e pegajosa. Somente em 1839 foi inventado o processo de vulcanização à borracha natural aplicado em diversos níveis para dar diferentes propriedades à borracha. Mais tarde, em 1909, na Alemanha, surgiu a produção de borrachas totalmente sintéticas. Atualmente a borracha tem diversas aplicações: pneus de carros, calçados, dispositivos amortecedores, materiais escolares etc.
Figura 3: Látex extraído da Seringueira.
Baquelite
A Baquelite foi o primeiro plástico sintético a ser produzido que era comercialmente viável. Criado pelo químico belga, naturalizado americano, Leo Baekeland em meados de 1907 foi o início da era dos plásticos modernos feitos à base de petróleo, gás natural e carvão devido ao processo de polimerização. A Baquelite teve diversas aplicações ao longo do século XX, na indústria elétrica, automobilística, têxtil, militar etc. A polimerização foi também extremamente desenvolvida desde a criação da Baquelite e diversos outros polímeros foram criados desde então, alguns exemplos são o poliéster, em 1932, o PVC, em 1933, o náilon, em 1938, o teflon, em 1941 e o silicone, em 1943.
Figura 5: Leo Baekeland.
CONCLUSÃO
Esses são alguns exemplos de materiais que mudaram o mundo, mas como podemos ver em todos eles, não foi sua primeira forma que causou o impacto que eles têm hoje. Foi o desenvolvimento e pesquisa em cima de todos eles por parte de engenheiros, pesquisadores, cientistas, químicos etc. que trouxeram as diversas aplicações que esses materiais têm atualmente. E ainda ocorrem vários estudos para obter diferentes polímeros, ligas metálicas, entre outros materiais que possam trazer mais benefícios à sociedade, inclusive na linha da reciclagem. Quem sabe que tipos materiais teremos no futuro? Talvez tenhamos um “novo vidro” e antes que percebamos, todos os smartphones sejam equipados com eles.
