Possíveis desgastes em Insertos

Os insertos, ou pastilhas como também são chamados, são ferramentas de corte para usinagem, elas se mostram muito práticas pois, diferente das ferramentas convencionais, uma vez que a aresta de corte esteja desgastada, não é necessário trocar toda a ferramenta, mas somente o inserto em si, além de que a troca do inserto é mais rápido, e como ele é separado do suporte que vai preso ao porta-ferramentas da máquina o inserto pode ser feito de materiais com propriedades melhores e consequente mais caros.

Porém, mesmo com esse benefício da intercambialidade isso não significa que os motivos que levam ao desgaste devem deixar de serem considerados. Durante a usinagem de uma peça, vários parâmetros podem implicar no desgaste da peça, a temperatura de corte, velocidade de corte, afinidade química do material da peça e da ferramenta, entre outros. Vejamos os tipos de desgaste em insertos que podem ocorrer, suas causas e como minimizar seus efeitos.

Aresta postiça de corte

É a adesão do cavaco na superfície de saída do inserto como podemos ver nas Figuras 1 e 2. Ocorre devido a pressão exercida no inserto pelo cavaco que acaba soldando as duas juntas. Geralmente ocorre na usinagem de materiais mais pastosos como alumínios, aços com baixos teores de carbono e aços inoxidáveis. Velocidades de corte mais baixas também podem causar a formação de arestas postiças portanto aumentar a velocidade de corte assim como o avanço podem evitar sua aparição, além disso não usar refrigeração e selecionar insertos com quebra-cavacos mais positivos. 

Figuras 1 e 2: Representação real e esquemática da aresta postiça de corte

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Desgaste de flanco

É o desgaste da superfície do flanco da ferramenta devido a ação abrasiva de elementos duros da peça provenientes da usinagem, as Figura 3 e 4 ilustram esse desgaste. É o tipo mais comum de desgaste e também o mais preferível por trazer resultados de degradação da ferramenta mais previsíveis e estáveis. Reduzir a velocidade de corte e selecionar uma classe de ferramenta mais resistente ao desgaste são algumas providências para minimizar seus efeitos.

Figuras 3 e 4: Representação real e esquemática do desgaste de flanco

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Desgaste de cratera

É o desgaste da superfície de saída do inserto devido a difusão como mostram as Figuras 5 e 6. A difusão é um processo químico em que ocorre a transferência de átomos de um material para o outro, no caso o cavaco proveniente da usinagem recebendo átomos da ferramenta. Quanto maior a temperatura e afinidade química entre os materiais do inserto e da peça, mais provável é de ocorrer o desgaste por cratera, sendo que em excesso ele pode levar a quebra, sendo assim, o uso de fluido de corte para refrigeração é aconselhado, como também a redução da velocidade de corte e do avanço e o uso de ferramentas mais resistentes ao desgaste.

Figuras 5 e 6: Representação real e esquemática do desgaste de cratera

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Entalhes

É o desgaste na aresta de corte devido ao excesso de danos localizados na superfície de ataque do inserto quanto no seu flanco que possui uma morfologia bem definida como nas Figuras 7 e 8. O entalhe ocorre principalmente na usinagem de peças feitas de materiais resistentes a altas temperaturas como ligas de níquel e de titânio devido a ação da abrasão e da difusão. Para minimizar os efeitos de desgaste em insertos por entalhe pode-se reduzir a velocidade de corte e taxa de avanço e selecionar uma ferramenta que possua um ângulo de posição menor.

Figura 7 e 8: Representação real e esquemática de entalhes

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Quebras

É a ruptura da ponta do inserto devido a grandes esforços durante a usinagem como exemplificado nas Figuras 9 e 10. A quebra pode ser causada pela parada repentina da máquina ou pela parada da máquina sem a remoção da ferramenta da peça. O inserto pode ser de um material muito quebradiço ou duro como também pode ter outros tipos de desgaste em excesso. Para evitar a quebra de um inserto sugere-se reduzir a taxa de avanço e a profundidade de corte, seguir os procedimentos corretos de parada da máquina, selecionar uma classe mais tenaz assim como um inserto mais espesso.

Figuras 9 e 10: Representação real e esquemática de quebras

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Lascamento

É o desprendimento de pequenas lascas da aresta de corte do inserto como mostrado nas Figuras 11 e 12. Diferente dos desgastes de cratera e de flanco em que ocorre a remoção de partículas de material do inserto de forma contínua, no lascamento ocorre a retirada de partículas maiores de uma só vez, podendo levar até a quebra. O lascamento é mais comum em insertos de materiais mais frágeis/duros ou que possuem recobrimento de metais duros ou cerâmicas. Para evita-lo é recomendável usar velocidades de corte maiores com avanço reduzido, insertos de classes mais tenazes com quebra-cavacos mais resistentes e minimizar a vibração da máquina.

Figura 11 e 12: Representação real e esquemática de lascamentos

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Deformação plástica

É o desgaste em insertos proveniente da ação de temperaturas e pressões bem elevadas causando uma deformação do inserto bem típico como mostram as Figuras 13 e 14. Geralmente ocorrem em insertos com materiais mais macios e quando a usinagem possui uma taxa de avanço bem elevada, fazendo com que os esforços somados a temperatura e pressão deformem a peça. Como consequência, utilizar refrigeração, insertos com coberturas mais espessas e menor velocidade de corte e taxa de avanço contribuem para minimizar a deformação plástica.

Figuras 13 e 14: Representação real e esquemática de deformação plástica

Fonte: Sandvik Coromant
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Trincas térmicas

É a aparição de trincas tanto transversais como perpendiculares no inserto devido a inconstância térmica na operação de usinagem, as trincas podem ser vistas nas Figuras 15 e 16. A variação de temperatura pode ser causada pelo acesso irregular do fluido de corte no local da usinagem, variação da espessura de corte ou interrupção da usinagem, portanto para evitar o aparecimento de trincas é necessário o uso abundante do fluido de corte quando ele for necessário e redução da velocidade de corte e do avanço além de deixa-los constantes durante a usinagem.

Figuras 15 e 16: Representação real e esquemática de trincas térmicas

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Vimos que é importante saber os possíveis tipos de desgaste em insertos, afinal, conhecer o que desgasta as ferramentas implica em novos métodos de fazer com que as ferramentas durem mais e sejam mais eficientes! Gostou? Então venha conhecer outros artigos relacionados a usinagem no blog da Engrenar Jr.  

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