INTRODUÇÃO
De maneira geral, as empresas de todos os portes possuem processos estruturados, seja de produção de algum produto ou até mesmo na manutenção da qualidade. Entretanto, todas necessitam constantemente melhorar seus processos e torna-los mais eficientes para que continuem tendo competitividade no mercado.
De fato, com o avanço das tecnologias de produção e ferramentas de gestão, as empresas estão se tornando cada vez mais eficientes e executando produtos com uma qualidade crescente.
Para acompanhar o desenvolvimento, existem ferramentas de gestão que podem e devem ser implementadas sempre que possível, melhorando processos produtivos, administrativos e gerenciais.
Entre as principais ferramentas, destaca-se o Lean Six Sigma, respeitado e difundido globalmente com a finalidade de otimizar cada vez mais os processos existentes nas empresas, assim como proporcionar um desenvolvimento mais saudável.
O QUE É LEAN SIX SIGMA?
Lean Six Sigma é uma estratégia que consiste em um conjunto de técnicas fundamentadas proporcionar um processo de melhoria contínua a uma empresa ou indústria, usando de coleta de dados contínua em cada etapa da produção para analisar e eliminar falhas e resíduos do sistema.
Essa metodologia consiste em eliminar os 7 desperdícios fundamentais presentes dentro de uma empresa:
- Defeitos
- Excesso de produção
- Estoques intermediários
- Processamentos desnecessários
- Deslocamentos
- Transporte
- Espera
A estratégia surgiu na Motorola, por volta de 1980, mas ficou conhecida mundialmente depois que a empresa GE começou a aplicar em seus processos. A partir dos anos 2000, tornou-se um método que se adequa a qualquer segmento de atuação, através das suas ferramentas que são úteis para todas as finalidades.
Ele pode ser aplicado desde segmentos como no setor de serviços, varejo, logística, saúde, até em processos de produção em si nas indústrias.
POR QUE “6” SIGMA?
O desenvolvimento do controle de qualidade foi resultado da inclusão de modelos estatísticos, e justamente a letra grega sigma () representa uma medida de variação em estatística.
Para os negócios então, o sigma vai representar a frequência com que uma operação vai exigir mais recursos que o necessário para satisfazer o cliente, determinando quantas vezes ocorrerá desperdícios
Dessa forma então, são dados 6 níveis de sigma:
- 1 – Sigma: 690.000 erros em 1 milhão = 30,85% de sucesso
- 2 – Sigma: 308.000 erros em 1 milhão = 69,15% de sucesso
- 3 – Sigma: 66.800 erros em 1 milhão = 93,32% de sucesso
- 4 – Sigma: 6.210 erros em 1 milhão = 99,38% de sucesso
- 5 – Sigma: 230 erros em 1 milhão = 99,977% de sucesso
- 6 – Sigma: 3,4 erros em 1 milhão = 99,99966% de sucesso
Como é possível ver, 1-Sigma possui uma taxa de sucesso muito baixa, enquanto 6-Sigma extremamente elevada, representando o grau de confiabilidade da metodologia.
Por mais absurdo que pareça uma taxa ridiculamente elevada de sucesso, imaginamos que um avião, por exemplo não pode ter 93% de chance de completar um voo, por exemplo, assim como qualquer outro ramo de estrita responsabilidade quanto ao que está sendo produzido.
Por isso que os últimos níveis de Sigma são tão próximos, quanto mais se otimizam os processos, mais difícil é reduzir os riscos de falhas. Os pequenos detalhes à serem alterados são os que resultam no 6-Sigma
IMPLEMENTAÇÃO DO LEAN SIX SIGMA.
De maneira geral, o Lean Six Sigma consiste em 5 fazes traduzidas pela sigla DMAIC, aplicadas metodicamente para se conseguir extrair e otimizar os processos existentes:
1. DEFINIR
Essa é a primeira etapa da aplicação, e consiste em definir exatamente o que esperar do projeto. Sem uma boa definição, as próximas etapas podem apresentar problemas que afetarão uma boa aplicação, e um plano mal feito bem executado pode acabar acarretando situações ainda piores.
As principais ferramentas empregadas na execução dessa fase são:
- Mapa de Raciocínio: um documento para registrar o que está sendo feito no projeto Six Sigma.
- Voz do Cliente: ferramenta para identificar as dores dos seus clientes sobre o produto/serviço.
- Escopo do Projeto: é o que está sendo feito no projeto, quais são as ações envolvidas;
- SIPOC: é a sigla que envolve os elementos presentes no projeto, desde o fornecedor até o cliente. Na prática, é um diagrama macro para melhor visualização;
- Contrato de projeto (ou Project Charter): é o documento final desta etapa, que formaliza o projeto e representa um acordo entre a equipe executora e a gestão.
2. MENSURAR
A partir dos dados obtidos na etapa de definir, na metodologia Six Sigma é necessário analisar os processos e seus estados ao longo do tempo.
Dessa forma, nessa etapa deve-se criar indicadores quantitativos e qualitativos para encontrar informações relevantes e importantes sobre o processo a ser analisado.
Ponto importante à ser ressaltado é de que as métricas precisam estar alinhadas às metas, então o que for definido precisa ser assertivo e útil ao objetivo final.
Algumas ferramentas essenciais nessa fase do processo são:
- Mapa de processo: uma ilustração que vai detalhar todas as etapas dos processos envolvidos;
- Espinha de Peixe (ou Diagrama de Ishikawa): uma representação recursiva das causas que levam a um efeito;
- Matriz Causa e Efeito: é uma matriz que relaciona as causas como motivo de entrada e quais saídas (efeitos) elas geram;
- Matriz Esforço x Impacto: uma ferramenta que complementa a Matriz Causa e Efeito adicionando o esforço envolvido e o impacto gerado;
- Histograma (ou Diagrama de Distribuição de Frequências): é um gráfico que divide os dados em classes uniformes;
- Boxplot (ou Diagrama de Caixa): é um gráfico que demonstra variações de valor mínimo e máximo, mediana e outliers.
- Pareto: um diagrama que demonstra o grau de frequência das ocorrências, ajudando na tomada de decisão sobre o que precisa ser focado.
Se a sua indústria já executa alguma forma de manutenção preditiva, também é possível usar os dados obtidos na execução dessa etapa.
3. ANALISAR
Após a obtenção dos dados necessários expostos na etapa anterior, nesse estágio da aplicação é momento de executar a análise dos dados.
Nesta etapa, são formuladas hipóteses para os problemas encontrados. É importante também usar vários gráficos e indicadores para poder mensurar o desenvolvimento e gerar decisões mais assertivas ao projeto, obtendo melhores resultados.
Das ferramentas passíveis de serem usadas nesse segmento, temos:
- FMEA (Análise de Modos de Falhas e Efeitos): é uma técnica que identifica, hierarquiza e possibilita a prevenção de falhas potenciais de um produto ou processo;
- Diagrama de dispersão: é um diagrama que mostra a relação entre uma causa e seu efeito;
- Regressão linear: um gráfico que elenca todos os resultados encontrados para formar um padrão linear entre variáveis de entrada (x) e saída (y);
- Testes de hipóteses: é um teste que valida estatisticamente se há o comportamento da amostra recolhida é válida para toda a população.
4. INCREMENTAR
Após a definição das hipóteses, é necessário propor incrementos aos processos, propondo planos de ação para por em prática o que foi definido.
Essa etapa costuma ser a mais demorada do processo de aplicação do Lean Six Sigma justamente por ser a etapa mais operacional. Entretanto, a aplicação das etapas no tempo correto é o que garante a qualidade do resultado final.
Nesse momento, ocorre uma priorização do que precisa ser incrementado, priorizando a incrementação nas etapas essenciais ao processo.
As principais ferramentas utilizadas na aplicação da fase de incrementação são:
- Diagrama de Árvore: um diagrama que mostra os possíveis caminhos até um objetivo, possibilitando uma melhor visualização sobre qual direção tomar;
- Matriz de Priorização: uma matriz que relaciona as soluções aos investimentos, esforços e impactos envolvidos;
- Plano de Ação: recurso que visa mostrar as diferentes perspectivas sobre uma ação com o intuito de torná-la mais aplicável;
- 5S: os cinco sensos são um programa de qualidade desenvolvido pelos japoneses para melhorar o espaço de trabalho e a produtividade;
- SMED: técnica utilizada para otimizar o tempo de preparação de novos equipamentos na linha de produção, agilizando a troca e implantação.
- Manutenção autônoma: técnica que visa criar um senso de equipe e melhoria contínua no chão de fábrica.
5. CONTROLE
Para realizar a última etapa, é necessário garantir o controle do processo de maneira a analisar os resultados de maneira precisa e garantir que estão sendo aplicadas as melhorias.
A etapa de controle possui muitos recursos para otimização de processos. O monitoramento nessa etapa é essencial e os indicadores para mensurar a qualidade e o impacto são mais que necessários nessa situação.
Nessa etapa é essencial reforças as melhorias por meio de treinamentos direcionados, uma vez que toda inovação presente necessita de um tempo de adaptação à nova tecnologia e processo empregado.
As principais alternativas de ferramentas para controle são:
- Cartas de Controle: um gráfico que representa o desempenho de um processo e o limite razoável de desvio na operação;
- Procedimento Operacional Padrão (POP): são roteiros elaborados com o intuito de padronizar os procedimentos de uma tarefa;
- Planejamento e Controle de Produção (PCP): sistemas direcionados para o acompanhamento de máquinas e equipamentos;
- CRM (Customer Relationship Management): uma plataforma de relacionamento com o cliente permite a identificação imediata de falhas durante o processo comercial
De maneira geral, Lean Six Sigma possui diversas ferramentas e processos para implementar a melhoria contínua na empresa. Ressalta-se a importância de capacitar funcionários para essa metodologia, de maneira que os processos empregados sejam aplicados de maneira assertiva.
Para um mercado competitivo, sempre é necessário haver inovação constante e otimização de processos, e essa metodologia possibilita isso através de diversas ferramentas a serem empregadas. O emprego dessa metodologia, por consequência, é um dos pilares de um gerenciamento mais inteligente e dinâmico.
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Lucas Santana Martos
Vice Presidente