A engenharia, por muito tempo, foi vista como algo pertencente ao campo masculino. Felizmente, esse pensamento retrógrado está cada vez menos comum e a previsão é de um cenário cada vez mais igualitário.
Entretanto, embora essa conscientização sobre a igualdade de gênero esteja crescendo, é indiscutível que ainda exista um longo caminho a percorrer. Atualmente, a desigualdade pode ser notada não só através do número relativamente baixo de engenheiras no mercado, como também em relação aos diferentes níveis de remuneração entre gêneros ao exercerem a mesma função.
Figura 1: Aprille Ericsson
Mesmo com a dificuldade inicial que a mulher ainda possui para alcançar reconhecimento e respeito nessa área, muitas engenheiras conseguiram romper as barreiras do preconceito e se tornaram grandes exemplos de inspiração e, principalmente, de superação.
O pioneirismo da participação feminina na engenharia só foi possível mediante muita coragem e esforço de várias mulheres. Um desses casos pode ser facilmente identificado na história de vida da grande engenheira aeronáutica Aprille Ericsson.
Nascida no Brooklyn, em Nova York, no ano de 1963, Aprille Joy Ericsson foi a irmã mais velha exemplar para suas outras três irmãs. Com um histórico admirável de conquistas, a construção de sua carreira se iniciou desde sua infância e adolescência, quando já se mostrava uma estudante brilhante. Foi assistindo às missões Apollo na televisão, durante a década de 70, que se iniciou a paixão de Aprille pelo campo Aeroespacial.
Formada em Engenharia Aeronáutica e Astronáutica no renomado Instituto de Tecnologia de Massachussets, MIT, Aprille foi em busca de seu mestrado e doutorado em Engenharia Mecânica Aeroespacial, tornando-se a primeira mulher a obter esses títulos pela Universidade de Howard. S
Seus estudos não pararam por aí, e Ericsson foi também a primeira americana negra a adquirir um PhD em Engenharia no Centro de Voo Espacial Goddard da NASA. Lá, ela passou a maior parte de sua carreira profissional, trabalhando em projetos de design de satélites e outros instrumentos espaciais utilizados, por exemplo, para reconhecimento lunar, para coleta da poeira da atmosfera mais baixa de Marte e para estudos quantitativos sobre as mudanças nas massas das geleiras na Antártica e na Groenlândia.
Uma defensora da importância de cursos de ciência, tecnologia e engenharia já nas escolas, Aprille não quer somente fazer ciência, mas também estimular outros a se juntarem a esse meio, sobretudo as mulheres e minorias. Com suas palestras em escolas, eventos e academias na África do Sul e Estados Unidos, inclusive na Casa Branca, Ericsson acredita em uma ciência diversificada e inclusiva, formada por pessoas de opiniões diversas.
Em reconhecimento ao seu trabalho, em 1997, Aprille Ericsson recebeu o troféu de Melhor Engenheira dos Estados Unidos, pelo Prêmio Mulheres na Ciência e Tecnologia, e em 2015 ficou na 8ª posição na lista das 23 engenheiras mais poderosas do mundo pelo site americano de finanças e negócios, Business Insider.
Aprille enfrentou muitos desafios ao longo da sua carreira por dois motivos principais: ser negra e ser mulher. Com muito trabalho, força e dedicação, ela superou todos os preconceitos e mostrou ao mundo que as mulheres negras não só podem ser engenheiras excepcionais, como podem, de fato, fazer história.